No ano
passado, uma aluna da Escola Dominical sugeriu que falássemos sobre o casamento
gay, homossexualidade e todas essas mudanças que vêm acontecendo na sociedade.
Concordei, e como na Ciência Cristã sempre procuramos começar com Deus e Sua
ideia, abrimos a Bíblia no primeiro capítulo de Gênesis, onde está descrita a
criação espiritual de Deus. Lá lemos que "Criou Deus, pois, o homem à sua
imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou." (Gênesis
1:27). Concordamos que esse 'homem' e essa 'mulher' da criação espiritual não
têm corpos materiais, pois são a 'imagem de Deus'. Da mesma forma, concordamos
que a benção "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra..." não
se refere à procriação material, mas sim a um desdobramento de ideias, ou seja,
não depende de relações sexuais para a geração de novos homens e mulheres.
Já no segundo
capítulo de Gênesis, lemos a descrição da criação material, onde o homem é
formado do pó da terra e a mulher, de uma costela deste homem. Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras,
lemos que "Esse segundo relato indubitavelmente conta a história do erro
nas suas formas exteriorizadas, chamadas vida e inteligência na matéria. Esse
relato é o registro do panteísmo, oposto à supremacia do Espirito divino; contudo,
nele está declarado que esse estado de coisas é temporário e que esse homem é
mortal – pó que torna ao pó. "(522: 12)
E, de fato, ao
lermos no versículo 7, que logo após Adão e Eva terem seguido a sugestão da
serpente, "abriram-se, então, os olhos de ambos; e percebendo que estavam
nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si", isto nos
pareceu uma descrição simples do sensualismo como a crença de que certas partes
do corpo têm mais importância do que outras, ou seja, o poder de provocar atração
ou repulsa.
A biologia
pode explicar o sensualismo como uma lei da natureza, como o instinto de
preservação da espécie, e descrever a atração sexual como regida por hormônios.
A psicologia pode explicar orientação sexual como uma construção da personalidade
humana, onde masculino e feminino são padrões sociais em que alguns se encaixam
com mais facilidade do que outros. Mas, o que fazer com o desejo sexual? Como
lidar com essa atração na vida prática?
Examinamos um
exemplo bíblico: Davi, quando já era rei de Israel e tinha várias esposas, viu
uma mulher tomando banho. Era Bate Seba, uma mulher muito bela e Davi logo
sentiu atração por ela. Mesmo depois de saber que era casada, ele ordenou a
seus servos que a trouxessem ao palácio. Eles obedeceram e o desejo de Davi foi
satisfeito. Porém esse fato logo se tornaria público porque Bate Seba
engravidou e seu marido estava fora, na guerra.
"Bate Seba" - Pintura de Jean-Leon Gerome (1889) |
Davi mandou
chamar Urias, o marido dela, para que passasse uma noite com ela e, assim,
encobrisse o adultério. Mas Urias, por lealdade a seus companheiros, não
aceitou esse privilégio. Então Davi deu ordem a seu general que colocasse Urias
na frente de batalha, no lugar mais perigoso, para que morresse. E assim foi
feito. Depois de viúva, Bate Seba casou-se com Davi e teve o filho.
Aparentemente o problema estava resolvido.
Mas o profeta
Natan veio a Davi contando uma história de um homem que, embora fosse rico e
dono de muitos rebanhos, não quis se utilizar de seu gado para atender a um viajante
que o visitava, e assim tomou a única cordeira de um homem pobre. Davi condenou
a atitude egoísta e abusiva daquele homem. Então foi alertado pelo profeta: “Tu
és o homem” (2 Samuel 12:7). Davi compreendeu a comparação, caiu em si e se
arrependeu.
Gosto da
analogia que o profeta fez, comparando o desejo sexual com um 'viajante'. De
fato, este aspecto humano não faz parte do homem real e espiritual, criado por
Deus, portanto não pode ser eterno. Humanamente convivemos com esse 'viajante',
como com tantas outras necessidades materiais, alimento, vestuário, abrigo,
transporte, etc. Mas se buscarmos "em primeiro lugar o seu reino e sua
justiça" (Mateus 6:33) isto é, reconhecemos que os filhos de Deus já são
completos e se relacionam diretamente com Deus, as necessidades humanas serão
supridas harmoniosamente.
Se para
atender ao desejo, seja pelo sexo oposto ou pelo mesmo sexo, alguém agir por
impulso poderá incorrer no erro de Davi e demonstrar egoísmo, falsidade,
covardia, e prejudicar muito ao próximo. Mas se agir com prudência e
ponderação, poderá construir relacionamentos baseados no respeito, em que
qualidades como fidelidade, lealdade, honestidade, confiança e companheirismo
serão demonstradas, contribuindo para o crescimento espiritual e a felicidade
que disso decorre.
Neste aspecto,
o capítulo "Matrimônio", de Ciência
e Saúde, é uma fonte de orientação confiável, pois apresenta conceitos
espirituais e sua aplicação na convivência em família. "Até discernirmos
que a criação espiritual está intacta, até que ela seja percebida e
compreendida, e até que o reino de Deus tenha vindo como na visão do Apocalipse
– em que o sentido corpóreo da criação foi expulso e seu senso espiritual foi
visto como uma revelação vinda do céu – o matrimônio continuará a existir,
sujeito a regulamentos morais que assegurem virtude cada vez maior. "
(56:7).
(Este artigo foi escrito por Cecília Terrana, do Rio de Janeiro, Brasil.)