6 de fevereiro de 2020

Minha História Espiritual

As pessoas geralmente têm a tendência de olhar para o passado para tirar conclusões sobre elas mesmas. Por exemplo, é comum ouvirmos um estudante falar “eu não sou bom em matemática.” De onde ele tirou essa conclusão? Do passado. Ele teve dificuldade em aprender essa matéria e tirou notas baixas, logo concluiu que não é bom em matemática, e essa conclusão passa a limitar seu presente e seu futuro.

Referindo-se a um problema de saúde ou de comportamento, é comum ouvirmos alguém dizer “eu sempre tive esse problema”. Nessa afirmação está implícita a conclusão: “por isso, acho que sempre terei esse problema”. Só porque o problema fez parte de seu passado, as pessoas erroneamente concluem que o problema fará parte de seu futuro. Será que está certo pensar assim? 

Será que a história material define quem eu sou? Será que meus pensamentos e ações do passado, os erros e acertos que fiz, definem quem eu sou hoje? De onde eu devo tirar conclusões a meu respeito, do passado, ou da verdade espiritual?

Mary Baker Eddy, que foi uma grande pensadora e reformadora religiosa, tocou nesse assunto quando escreveu estas palavras: “A verdadeira teoria sobre o universo, que inclui o homem, não está na história material, mas no desdobramento espiritual” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p.547). 

A ideia de “desdobramento espiritual” também pode ser traduzida como “desenvolvimento espiritual”. Ou seja, devo pensar menos na minha história material, e mais no meu desenvolvimento espiritual. Posso ter cometido erros, mas não vou me limitar por eles, nem deixar que eles me assombrem. Vou focar no que aprendi com eles. Vou agradecer pelo progresso espiritual, por cada lição que aprendi na minha trajetória. 


Também aprendi que não devo elaborar teorias a meu respeito com base em minha história material, mas sim no desdobramento espiritual do bem em minha vida. Em vez pensar “eu tenho esse defeito porque sempre o tive” aprendi a pensar “eu não posso ter esse defeito porque Deus não tem esse defeito, e eu sou a imagem e semelhança de Deus”. Em vez de olhar para o passado para aprender quem eu sou, passei a olhar para Deus, que é a verdadeira fonte de meu ser. Deus define quem eu sou. Deus é perfeito e me criou com perfeição. Ele nunca me deu o mal. Ele é totalmente bom, e só me dá o bem. Deus nunca me deu defeitos. Ele só me dá qualidades. Todas as qualidades de Deus são sempre refletidas por mim e por todos. Inteligência, sabedoria, saúde, santidade, vitalidade, pureza, harmonia, alegria... são qualidades que Deus me deu e nada pode tirar.

Anos atrás, eu queria muito arrumar uma namorada, mas não conseguia. Conheci várias garotas em diferentes ocasiões, mas parecia que nenhuma delas se interessava por mim. Eu não sabia o porquê disso e ficava desolado. Então percebi que, ao conhecer uma garota, eu sempre contava a história triste de meus desejos e aspirações profissionais que eu não tinha conseguido realizar. Alguns projetos mal sucedidos no passado me atormentavam e me faziam ter uma baixa autoestima. Sem querer, eu passava a imagem de um homem fracassado. Mais tarde, percebi que eu estava dando um falso testemunho sobre mim mesmo, com base em minha história material e não em fatos espirituais. 

Uma passagem de Ciência e Saúde me chamou a atenção: “Todas as formas do erro sustentam as falsas conclusões de que haja mais de uma Vida, de que a história material seja tão real e tão viva como a história espiritual” (p.204). Pensando neste trecho, veio-me a pergunta: Será que existe uma história espiritual, que possa contradizer e anular a história material? Como posso descobrir minha história espiritual?

Tempos depois, eu conheci uma garota legal e nós marcamos um encontro para dali há alguns dias. Quando a data do encontro se aproximava, o medo aumentava. O passado me assombrava, fazendo-me acreditar que ia se repetir. Será que aquela menina ia se interessar por mim? Será que ela me rejeitaria, como fizeram as outras antes dela? O que eu podia fazer para o passado não se repetir? 

Um pouco antes do encontro, eu comecei a orar. Me voltei a Deus com todo o coração, abrindo meu pensamento para as mensagens angelicais que vinham de Deus pra mim. Veio-me a ideia de olhar meu passado com olhos espirituais, com os olhos de Deus. Qual é meu verdadeiro passado? Ou seja, o que Deus sabe sobre mim e sobre meu passado?

Enquanto caminhava pela calçada, indo me encontrar com a garota, veio-me claramente ao pensamento que meu verdadeiro passado é que eu sempre fui um filho perfeito de Deus, sempre manifestei a Sua imagem e semelhança, sempre pensei e agi corretamente, sempre estive no lugar certo na hora certa, pois sempre fui guiado pela direção infalível de Deus. Eu nunca estive separado de Deus, pensando e agindo sozinho e cometendo erros. Eu sempre fui unido a Deus, sempre fui governado por Ele, sempre manifestei todas as qualidades divinas que Deus me deu. Esse é meu verdadeiro passado. Eu nunca tinha sido um mortal fracassado e rejeitado. Eu sou e sempre fui um filho de Deus bem sucedido e muito amado. Essas ideias me revelaram uma maneira nova de pensar sobre mim mesmo. 

Embalado por essa inspiração, o medo se dissipou, e eu me portei com segurança e confiança no encontro com a garota. Eu estava manifestando meu verdadeiro ser, repleto de qualidades divinas. Nem conversei sobre coisas ruins do passado. Só falei sobre coisas boas. E fiquei feliz de perceber que a garota gostou de mim como eu gostei dela. Em pouco tempo, começamos a namorar. Foi um namoro que durou cinco anos e trouxe muitas bênçãos e progresso espiritual para mim e para ela, de quem sou amigo até hoje.

Essa experiência me revelou a importância de não nos identificarmos nem nos assustarmos com a falsa história material, mas sim ter em mente nossa história espiritual, que é nossa única história verdadeira.


“Não vos lembreis das cousas passadas, nem considereis as antigas. Eis que faço cousa nova, que está saindo à luz”. (Isaías 43:18,19)

“Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3:13,14)