A desigualdade
social parece ser um dos principais problemas mundiais. Poucas pessoas detêm
muitas riquezas materiais, enquanto grande parte da população é considerada
pobre ou miserável.
O que será que
Deus pensa de tudo isso? Será que Ele aprova essa injustiça de que alguns de
Seus filhos tenham muito e outros tenham pouco ou nada? Será que Ele ama mais
alguns do que outros?
Certamente que
não. Deus é Amor, e Ele ama infinitamente e igualmente a cada um de Seus
filhos.
Então como parece
haver tanta desigualdade?
O problema está
no conceito equivocado que as pessoas têm sobre o bem. O que é o bem? As
pessoas acham que a matéria é o bem. Acham que dinheiro, casa, carro, celular,
roupas e outras posses materiais sejam o bem. Partindo desse ponto de vista
parece que realmente o mundo é muito injusto, pois algumas pessoas têm muito
mais posses materiais do que outras. Mas qual é o conceito espiritual do bem?
Vamos começar
compreendendo o que não é o bem. Um trecho do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, mostra
que “o mal não é pessoa, nem lugar, nem coisa” (p. 71). Eu penso que o reverso
também é verdadeiro: “o bem não é pessoa, nem lugar, nem coisa”. O bem não é
pessoa: não é um cônjuge, um namorado, filhos, família, amigos. Se o fosse,
algumas pessoas teriam o bem, e outras não. As pessoas que amamos refletem o
bem, que é Deus, mas não são o bem. O bem não é lugar: não é um quarto, uma
casa, uma escola, uma empresa, um bairro, um cidade, um país. Se o fosse, o bem
seria limitado, pois algumas pessoas têm acesso a tais lugares e outras não. E
o bem não é coisa: não é dinheiro, nem é algo material, que uns têm e outros
não têm.
O Glossário do
livro Ciência e Saúde revela o
conceito espiritual e absoluto do que é o bem: “O BEM. Deus; o Espírito; a
onipotência; a onisciência; a onipresença; a oni-ação”(p. 587). Isso é muito
diferente do conceito material de bem, não é mesmo? Vamos pensar melhor nessa
definição. Pra começar, o bem é Deus, ou seja, não é uma pessoa que uns têm e
outros não. O bem é Deus, que todos têm, pois Deus é o Pai-Mãe de todos.
Portanto ninguém tem mais bem do que ninguém, pois Deus é igual pra todos, e
ninguém jamais pode perder o bem verdadeiro, pois ninguém jamais pode perder a
Deus, que é onipresente, infinito e eterno.
O segundo termo
que define o bem é “o Espírito”. Ou seja, o bem é o oposto da matéria. O
verdadeiro bem é exatamente o oposto do que as pessoas acham que o bem é. Elas
acham que o bem é dinheiro ou posses materiais, que alguns têm, outros não, que
hoje temos, amanhã não, que pode nos ser tirado ou roubado. Mas o fato é que
todos têm o Espírito, sempre teremos o Espírito e ninguém pode nos tirar o
Espírito, que é Deus.
Outro conceito
importante de se compreender é o conceito de substância. Em inglês, a palavra
“substance” inclui o conceito de patrimônio. Na Bíblia em inglês, por exemplo,
o trecho de Jó 1:3 diz que “a substância” de Jó “eram sete mil ovelhas, três
mil camelos...” E a Ciência Cristã
revela que Deus “é a única substância verdadeira” (Ciência e Saúde, p. 468). Ou
seja, Deus é o único patrimônio verdadeiro que cada um de nós tem. E que
patrimônio maravilhoso é esse!
Vamos pensar em
tudo o que Deus é, e saber que tudo isso é nosso:
Deus é a Mente, a
inteligência e a sabedoria perfeitas e inesgotáveis, a fonte infinita de todas
as ideias que precisamos. Deus é o Espírito, que nos inspira e nos move. Deus é
a Alma, que nos anima e é nossa essência, a fonte de nossa identidade. Deus é o
Princípio, que se expressa em equilíbrio, disciplina, ordem, domínio. Deus é a
Vida, que nos dá saúde e vitalidade imortais. Deus é a Verdade, que destrói o
erro e que se manifesta em honestidade e integridade. Deus é o Amor, que nos
ama ternamente e cuida de nós. Que destrói o ódio, expulsa o medo e que se
reflete em bondade e amorosidade. Deus é tudo isso e muito mais! E Deus é nossa
substância, o nosso verdadeiro patrimônio.
Nada nem ninguém
pode nos privar da Mente, nos roubar o Espírito, matar a Vida ou nos afastar do
Amor onipresente. Portanto toda a humanidade partilha do mesmo patrimônio
infinito, que é igualmente acessível a todos. Deus é Tudo. Portanto, ninguém
tem mais do que ninguém, pois todos têm a Deus, todos têm Tudo.
Uma outra questão
que parece ser uma das raízes da desigualdade social é o acesso à educação.
Alguns podem frequentar escolas privadas e outros somente escolas públicas,
recebendo níveis desiguais de educação. Mas podemos reverter isso com a
compreensão de que “serão todos ensinados por Deus” (João 6:45). Todos, não
somente alguns, são ensinados por Deus, não por professores melhores ou piores,
mas por Deus, que é o melhor Professor do mundo.
Também parece que
algumas crianças têm pais melhores, que os educam corretamente, e outras têm
pais negligentes. Mas podemos reconhecer que Deus é o Pai-Mãe de todos, um Pai
e Mãe presente, ou melhor, onipresente, que educa devidamente todos os Seus
filhos, pois “a intercomunicação se faz sempre de Deus para Sua ideia, o homem”
(Ciência e Saúde, p. 284). Deus é o verdadeiro Educador. Portanto, todos temos
acesso à mesma educação de perfeita qualidade.
Outra face
evidente da desigualdade social é o acesso a moradia. Uns moram em mansões e
outros debaixo da ponte. Parece muito injusto, não é mesmo? Mas isso também se
deve ao nosso conceito errado de moradia. Jesus disse: “As
raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem
não tem onde repousar a cabeça” (Mateus 8:20). Hoje, Jesus seria considerado um
sem-teto. No entanto, ele também é considerado o homem mais rico que já pisou
este planeta. Ele não tinha uma casa, mas ele tinha um lar. Ele sabia que “o
Deus eterno é a tua habitação e, por baixo de ti, estende os braços eternos”
(Deuteronômio 33:27). Ele habitava “no esconderijo do Altíssimo”, “à sombra do
Onipotente” (Salmo 91:1), “na Casa do Senhor” (Salmo 23), ou seja, ”[a
consciência] do [Amor] para todo o sempre” (Ciência e Saúde, p. 578). E Jesus
declarou que “na casa de meu Pai há muitas moradas” (João 14:2), ou seja, nessa
consciência mais elevada de lar tem lugar pra todos! Ninguém é sem-teto no
Reino de Deus. Ninguém é excluído. Todos vivem em uma morada maravilhosa na
consciência do Amor!
Partindo desse
ponto de vista mais espiritualizado, concluímos que Deus é perfeitamente justo
com todos os Seus filhos, e os ama e os abençoa infinitamente e igualmente. Aos
olhos de Deus, Bill Gates, que hoje é considerado o homem mais rico do mundo, e
o morador de rua ali da esquina, ambos têm exatamente o mesmo patrimônio
espiritual, a mesma substância. Portanto, no Reino de Deus (que é simplesmente
um estado de consciência espiritual mais elevado) não existe escassez nem
desigualdade social, só existe abundância e igualdade espiritual.
Compreender isso não
significa que devemos parar de lutar por mais igualdade social. Pelo contrário,
orando com essas ideias, nós estamos apoiando metafisicamente o esforço de todos
no sentido de diminuir as desigualdades no mundo.
Em vez de ficar
chocados com o falso testemunho dos sentidos materiais, que mostra tanta desigualdade,
vamos orar e nos conscientizar de nosso patrimônio verdadeiro, vamos nos
regozijar em Deus e desfrutar de toda a riqueza espiritual que é nossa e de
todos.