Orar não é pedir para Deus fazer a nossa vontade, é ceder à vontade de Deus, que é sempre “boa, agradável e perfeita” (Romanos 12:2). Orar não é barganhar com Deus, como se ele fosse um ser humano: “Ó, Deus, se Você fizer isso pra mim, eu prometo que faço aquilo”. Orar não é gritar pra Deus ouvir. É reconhecer que Deus é “a Mente que tudo ouve e tudo sabe, e que sempre conhece todas as necessidades do homem e as satisfaz” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 7). Orar é se calar e deixar Deus falar. Orar estar em comunhão com Deus.
Existem várias maneiras de orar. Vamos pensar em algumas delas?
Pedir.
A oração de petição é a mais comum. Mas o que devemos pedir a Deus? Coisas materiais? Dinheiro, namorado, emprego? Não. Não precisamos pedir uma coisa específica, porque “Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que Lho peçais” (Mateus 6:8). Não precisamos informar algo à Mente que sabe tudo. Deus sabe melhor do que nós aquilo que realmente precisamos, e Ele já está suprindo essa necessidade do jeito dEle, não do nosso.
Portanto, nossa oração não deve ser: “Deus, por favor, faça a minha vontade!” É melhor seguir o exemplo de Jesus e pedir “Pai, faça-se a Tua vontade e não a minha”. Isso porque a vontade de Deus é bem melhor e vai nos abençoar muito mais do que nossa vontade limitada pode conceber naquele momento.
O que mais podemos pedir a Deus? Que tal pedir inspiração? Esta é a melhor coisa que podemos pedir. “Pai, o que eu preciso saber agora? Qual é a mensagem divina que Você tem pra mim agora?” Depois de pedir, é fundamental ouvir o que Deus tem a nos dizer.
Ouvir.
Outro jeito de orar é simplesmente ouvir a Deus. Mas como podemos ouvir a Deus? Primeiro temos que ficar quietos, parar de dar atenção aos sentidos materiais e a nossos próprios pensamentos e preocupações. Depois temos de nos volver a Deus com todo nosso coração, ou seja, voltar o nosso pensamento inteiro a Deus, e tentar ouvir o que Ele tem a nos dizer.
Acredite, Deus está falando conosco o tempo todo. Nós é que precisamos estar atentos para ouvi-Lo. Mas não espere ouvir uma voz material, pois Deus é Espírito. Ele se comunica conosco através de pensamentos. Ele nos dá as ideias que precisamos ouvir. “Deus te dá Suas ideias espirituais, e elas, por sua vez, te dão suprimento diário” (Mary Baker Eddy, Escritos Diversos, p. 307).
Quando precisamos de conforto, é maravilhoso ouvir a Deus dizendo “Não temas, que Eu te ajudo” (Isaías 41:13). É comum que Deus se comunique conosco através de trechos bíblicos. Eu, por exemplo, sempre ouço Deus me dizendo: você é “meu filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:17).
Estudar.
Quando estudamos a Ciência Cristã, estamos orando. Ao ler a Bíblia, Ciência e Saúde, o Arauto, a Lição Bíblica, assistir palestras, escutar testemunhos... nós estamos alinhando nosso pensamento com Deus, entrando em sintonia com Ele, e isso é uma excelente forma de oração. Mary Baker Eddy nos lembra que “a letra e a argumentação mental” são “auxiliares humanos para ajudar a pôr o pensamento em concordância com o espírito da Verdade e do Amor, que cura o doente e o pecador” (Ciência e Saúde, p. 454).
Negar o erro e afirmar a verdade.
É a “argumentação mental” citada no trecho acima, e é uma oração típica da Ciência Cristã. Negar o mal e afirmar o bem. Negar aquilo que Deus não criou, e afirmar a perfeição da criação de Deus. Negar o que os sentidos materiais nos dizem e afirmar a verdade divina, que aparentemente é invisível, mas que vem à tona quando devidamente conhecida e reconhecida. Esse processo de pensamento nos ajuda a vencer o medo do mal, substituindo-o pela esperança e confiança em Deus, o Bem.
Ver.
Ver espiritualmente é uma forma de oração. Ou seja, buscar enxergar a verdade divina que está por trás da fachada do erro material. Ver o filho de Deus, santo e saudável, por trás do que parece ser um homem pecador e doente. Deus vê espiritualmente e Ele nos deu essa visão espiritual, essa capacidade de ver por trás das aparências.
Se achamos que isso é difícil, podemos pedir a ajuda de Deus, orando assim: “Pai, me ajude a ver essa pessoa como Você a vê, me ajude a vê-la com os Seus olhos!”. Provavelmente Jesus pedia essa ajuda ao Pai, pois sabemos que “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes” (Ciência e Saúde, p. 476). Nós também podemos enxergar espiritualmente e provar que essa visão espiritual traz cura.
Sentir.
Simplesmente sentir a presença de Deus, sentir o amor de Deus por nós, é orar. Podemos reconhecer que Deus é “o Amor, que está por baixo, por cima e em volta de todo ser verdadeiro” (Ciência e Saúde, p. 496). Esse reconhecimento consciente nos ajuda a sentir o amor de Deus nos envolvendo, nos protegendo, nos corrigindo, nos guiando e nos governando. Sentir Deus nos amando infinitamente é a melhor sensação que existe! E essa sensação eleva nosso pensamento e traz cura.
Agradecer.
Orar não é só pedir, é também agradecer. Agradecer a Deus por todo o bem que Ele nos dá constantemente. Quando paramos para agradecer, nós percebemos melhor as bênçãos que Deus nos deu, e apreciamos mais essas bênçãos. Essa gratidão nos traz alegria genuína.
Quando estamos reclamando, ou preocupados com nossos problemas, podemos parar, reconhecer as bênçãos que Deus nos deu e agradecer por cada uma delas. Essa oração de agradecimento é eficaz para anular um estado mental de tristeza pelo passado ou medo do futuro, e para elevar nosso pensamento a Deus, que nos dá a inspiração exata para solucionar nossos problemas.
Ceder e confiar.
É deixar a nossa vontade pela vontade de Deus. É parar de tentar delinear a solução do problema e deixar que Deus resolva. É confiar que Deus sabe mais do que a gente. É se render a Deus. É uma atitude mental que diz: “Deus, Você assume o controle agora”. Ceder envolve uma confiança completa em Deus, abandonar qualquer senso de que estamos separados dEle. É deixar de achar que conseguimos resolver o problema sozinhos, ou que os outros vão resolver, e entregar tudo nas mãos de Deus. É trocar a mente humana pela Mente divina. É deixar o ego (nosso ou dos outros) pelo Ego, Deus. É deixar o eu... pelo EU SOU. Isso é ceder e confiar. E isso é uma forma de oração.
Amar.
Orar é amar. Amar é orar. Quando amamos a Deus, nós estamos orando. Deus é nosso Pai-Mãe, que cuida de nós. Deus é nossa Mente, nosso Espírito, nossa Alma, nosso Princípio, nossa Vida, nossa Verdade e nosso Amor. Ele é Tudo para nós. Por isso é fácil amá-Lo, pois “Ele nos amou primeiro” (1 João 4:19). Nós sentimos esse Amor e retribuímos naturalmente amando-O de volta.
Amar ao próximo como a si mesmo também é uma oração. Deus ama a todos incondicionalmente, igualmente e infinitamente. Quando amamos nosso próximo nós estamos nos unindo a Deus, o Amor. Unindo-nos à Deus, a Fonte infinita do amor, fica fácil amar mesmo quem não merece nosso amor, fica fácil perdoar. Amar refletindo o Amor divino é uma oração eficaz, que nos liberta de qualquer sentimento de ódio, mágoa ou rancor.
É natural alternarmos os diversos jeitos de orar. Por exemplo, se estamos com medo de alguma coisa, podemos negar o medo: “o medo não vem de Deus e portanto não tem poder sobre mim”. Depois afirmar a Verdade: “no Amor não existe medo, antes, o perfeito Amor lança fora o medo” (1 João 4:18). Depois é natural ouvir Deus nos dizendo: “Não temas, porque Eu sou contigo; não te assombres, porque Eu sou o teu Deus; Eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a Minha destra fiel” (Isaías 41:10). Depois de ouvir essa linda mensagem divinal, a consequência natural é sentir o Amor infinito de Deus nos amando incondicionalmente. Essa sensação de estar protegido pelo Pai-Mãe Deus dissipa qualquer medo. Depois disso, podemos agradecer a Deus por ter nos livrado do medo, e nos dado coragem e paz.
Outras orações
O livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras nos revela que existem ainda muitas outras formas de orar, como por exemplo: “O desejo é oração” (p. 1); “O esforço habitual para sermos sempre bons é oração incessante” (p. 4); “A oração coerente é o desejo de agir corretamente” (p. 9); “O desprendimento do ego, a pureza e o afeto são orações constantes” (p. 15); “Jesus orou; retirou-se dos sentidos materiais para revigorar o coração com panoramas mais luminosos, mais espirituais.” (p. 32). Isso nos mostra que orar pode ser mais fácil e natural do que pensamos, e que às vezes oramos sem nem perceber que estamos orando. E também mostra que pessoas que não se consideram religiosas também oram: quando se esforçam para ser boas, quando desejam agir corretamente, quando demonstram afeto... elas estão orando sem perceber.
O hino 298 do Hinário da Ciência Cristã começa assim: “Viste o Cristo? O Verbo ouviste? Sentes de Deus o poder?” Esse hino de Mary Baker Eddy indica três jeitos de orar já citados: ver, ouvir e sentir. E o hino continua: “A Verdade libertou, quem buscando a encontrou...” Ou seja, orar é buscar a Verdade que liberta. E podemos buscar e encontrar essa Verdade através das várias maneiras de orar.