"Para os que se apóiam no infinito sustentador, o dia de hoje está repleto de bênçãos." (Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, vii)
Baseados em uma crença de carência, quantas vezes acalentamos em nosso pensamento o desejo de receber bênçãos? Seja na forma de afeto, suprimento, propósito, inserção profissional, saúde, etc. Não é raro que esses desejos passem a ser o motor de nossas orações, transformando-as em verdadeiras listas de demandas para Deus.
Alguns anos atrás, passei por um período de transição profissional no qual as coisas simplesmente pareciam “não acontecer”. Mesmo orando com afinco, passaram-se meses repletos de entrevistas, mas sem que houvessem desdobramentos de propostas de trabalho concretas.
Nesse momento, percebi que tinha mais algumas lições a aprender a respeito da oração. Foi então que, certa noite, ao abrir a Bíblia no livro de Gênesis, tive um “clique” em meu pensamento! A passagem que chamou minha atenção relata como Abraão, ao deixar a casa de sua família e partir para uma terra distante, recebe uma mensagem imperativa da parte de Deus: “Sê tu uma bênção!” (Gênesis 12: 2)
Essa curta frase falou-me diretamente ao coração. Nesse momento, dei-me conta de que durante todos aqueles meses eu tinha esperado que Deus primeiramente me inserisse profissionalmente em alguma instituição, para que eu então pudesse começar a abençoar meu ambiente profissional. Isto é, baseado em uma crença de carência, o meu foco estava em receber uma benção – na forma de inserção profissional – para só então passar a abençoar.
Humanamente esse raciocínio parecia ser perfeitamente lógico. Mas a lógica humana não é a lógica divina! A lógica divina parte da abundância infinita do bem, de nossa união inquebrantável com Deus, a fonte absoluta e irrestrita de todo o suprimento e propósito.
Dentro dessa lógica, naquele exato momento, eu já era uma bênção, independentemente das circunstâncias humanas relacionadas à minha inserção profissional.
Dei-me conta de que a coisa mais valiosa que eu poderia oferecer para aquelas instituições era o meu pensamento elevado, a minha espiritualidade, e isso era totalmente independente de um emprego formal em um daqueles locais. Ou seja, percebi que naquele exato momento, por meio de minhas orações, eu poderia ser uma bênção para todas aquelas instituições onde havia sido entrevistada.
E foi isso o que fiz. Orei com o objetivo de enxergar as pessoas com quem havia tido contato e o trabalho realizado por elas, de uma perspectiva espiritual. Uma grande paz tomou conta de meu pensamento. Tive a certeza da presença de Deus e do seu amor incondicional a orientar cada projeto realizado por aquelas instituições. E o mais interessante foi que, após orar dessa maneira, passei a me sentir totalmente incluída, completa, suprida, plena de propósito, mesmo não tendo nenhuma proposta concreta de trabalho. Fui dormir com a certeza de que, naquele dia, eu havia cumprido a minha “jornada de trabalho” com sucesso. Sim, por meio de minhas orações eu havia sido uma bênção!
No dia seguinte eu não me surpreendi quando recebi um telefonema do proprietário de uma das instituições me convidando para começar a trabalhar, naquela mesma semana, em um de seus projetos.
Ser uma bênção não significa dar sem receber. Ser uma benção significa que nós só podemos dar aquilo que já temos. Enquanto a ideia de receber bênçãos está muitas vezes associada à uma noção imperfeita de nossa relação com Deus, reconhecer que já somos uma bênção significa afirmar nossa completude. Todas as bênçãos que parecem decorrer do nosso ato de abençoar – assim como no caso de minha inserção profissional – são simplesmente desdobramentos daquilo que nós já somos, como reflexos do Bem infinito.
Como ideias intrínsecamente unidas ao nosso Criador, não nos resta outra escolha: nós só podemos ser uma bênção! E então, qual é a perspectiva que você irá adotar hoje em suas orações? Receber ou ser uma bênção?