2 de junho de 2013

Com que roupa eu vou?


Você está de frente para as araras da sua loja de departamentos preferida e finalmente encontra aquela blusinha que tanto procurava. Ao pegá-la para provar você escuta uma voz ao seu lado fazendo aquela fatídica pergunta: “Mas você está mesmo precisando dessa roupa?” Pacientemente você tenta explicar para a pessoa que não se trata de uma questão quantitativa, mas sim de uma necessidade de renovação, de estilo, de gosto, enfim, que você realmente curte roupas e acessórios. Você diz ainda que, dentro de certos limites, a renovação de alguns itens do seu armário pode ser vista como uma coisa saudável. E, para finalizar, lembra que para cada roupa que entra no seu armário, outra sai rumo à doação.

Conversa terminada, blusinha comprada.

No dia seguinte você planeja estrear a blusa (claro!) na festa de aniversário de uma amiga. Mas, na hora de prová-la você simplesmente não consegue compor o “look ideal”. Se você encontra uma calça que combina com a blusa, não há sapato que fique bom na finalização do look. Se aquela sapatilha colorida combina perfeitamente com a blusinha, todas as calças e saias ficam estranhas nessa combinação. Resultado: você desiste da blusinha e resolve colocar aquele seu antigo vestidinho básico.

Que coisa ... na loja essa parecia ser "a compra perfeita”!
Essa mesma história já se repetiu comigo algumas vezes, trazendo-me algumas indagações seguidas de lições importantes: Será que há algum problema em desejar renovação quando se trata de vestuário? ou será que isso seria apenas uma desculpa para um desejo de consumo desnecessário?

Refletindo sobre essas questões me veio à mente que não há nada de errado em procurar a renovação, em apreciar diferentes estilos, formas e cores. O que ocorre é que muitas vezes acabamos procurando essas qualidades no lugar errado. E isso pode ser bastante frustrante e levar ao consumo irresponsável. Ou seja, muitas vezes procuramos fora de nós mesmos algo que já é intrinsecamente nosso, como parte constituinte de nossa identidade espiritual. 

A seguinte passagem da Bíblia tem me ajudado a compreender algumas aspectos importantes daquilo que seria o verdadeiro conceito de renovação espiritual:

Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus.” 2 Coríntios 5:1

Ora, para mim, a ideia de “casa terrestre” se refere a um modo materialista e limitado de ver a si mesmo. Atribuir ao nosso “closet” de roupas a função de renovação de nossa vida, de nossa identidade, seria buscar apoio em uma “casa terrestre” que pode se desfazer a qualquer momento. Em Deus, por outro lado, temos “um edifício” eterno. 

Mas o que seria esse edifício?

Vejamos o que diz uma outra passagem da Bíblia: “Edifício de Deus sois vós.” (1Coríntios 3:9) Esse trecho sugere que cada um de nós é uma edificação espiritual, completa em si mesma, que não depende de um closet material e passageiro para expressar renovação.

Deus nos criou de forma muito mais gloriosa do que uma simples “casinha” humana, limitada e material poderia representar. Mas, ao contrário, o Espírito tem todo um "edifício de bênçãos" preparado para nós.
Isso significa que nós não somos um esboço inacabado ou um projeto humano em construção, cheio de dúvidas, inseguranças, incertezas. Marcados por diversas falhas e alguns acertos ocasionais.

Não! Cada um de nós é uma edificação espiritual, traçada pela Mente de modo “assombrosamente maravilhoso”. As paredes de nosso edifício espiritual não nos limitam, não nos separam uns dos outros ou do meio em que vivemos. Mas sua sólida substância é o que nos conecta ao infinito. As bases de nossa edificação espiritual são ilimitadas. E nós, como ideias edificadas por Deus, somos a expressão ilimitada das qualidades infinitas do Espírito, em constante renovação.

Em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy se refere a Deus, o Espírito, como o “grande arquiteto”. Um arquiteto único, que criou, modelou, delineou cada uma de suas ideias com perfeição. Você, eu – e todos nós – somos Suas obras acabadas, perfeitas, no auge de nosso esplendor. Tudo o que expressamos são qualidades como harmonia, saúde, beleza, espontaneidade, vigor, alegria, frescor, brilho, pureza, etc.

Essa edificação espiritual e ilimitada é a edificação de nosso pensamento. Uma edificação mental que nos oferece o verdadeiro senso de renovação, que não deixa espaço para desejos de consumo irresponsável e que nos traz satisfação genuína. E, uma vez renovados espiritualmente, não deveríamos nos espantar se, mesmo vestindo aquele nosso antigo vestidinho, vozes ao nosso redor exclamem: “Nossa, como você está radiante! Renovada!”


3 comentários:

Regina Célia disse...

que maravilha aprender que já somos completos em Deus. isso é verdadeira liberdade.

Anônimo disse...

Sim, Rê, libertemo-nos dos padrões humanos e vejamo-nos como expressões do Bem infinito!

Kim disse...

Tamara, que artigo maravilhoso!! Obrigado por compartilhar essas ideias conosco.