Você
está de frente para as araras da sua loja de departamentos preferida e
finalmente encontra aquela blusinha que tanto procurava. Ao pegá-la para provar
você escuta uma voz ao seu lado fazendo aquela fatídica pergunta: “Mas você
está mesmo precisando dessa roupa?” Pacientemente você tenta explicar para a
pessoa que não se trata de uma questão quantitativa, mas sim
de uma necessidade de renovação, de estilo, de gosto, enfim, que você realmente
curte roupas e acessórios. Você diz ainda que, dentro de certos limites, a
renovação de alguns itens do seu armário pode ser vista como uma coisa saudável.
E, para finalizar, lembra que para cada roupa que entra no seu armário, outra sai
rumo à doação.
Conversa
terminada, blusinha comprada.
No
dia seguinte você planeja estrear a blusa (claro!) na festa de aniversário de
uma amiga. Mas, na hora de prová-la você simplesmente não consegue compor o
“look ideal”. Se você encontra uma calça que combina com a blusa, não há sapato
que fique bom na finalização do look. Se aquela sapatilha colorida combina
perfeitamente com a blusinha, todas as calças e saias ficam estranhas nessa
combinação. Resultado: você desiste da blusinha e resolve colocar aquele seu antigo vestidinho básico.
Que
coisa ... na loja essa parecia ser "a compra perfeita”!
Essa
mesma história já se repetiu comigo algumas vezes, trazendo-me algumas
indagações seguidas de lições importantes: Será que há algum problema em
desejar renovação quando se trata de vestuário? ou será que isso seria apenas uma
desculpa para um desejo de consumo desnecessário?
Refletindo
sobre essas questões me veio à mente que não há nada de errado em procurar a
renovação, em apreciar diferentes estilos, formas e cores. O que ocorre é
que muitas vezes acabamos procurando essas qualidades no lugar errado. E isso pode ser bastante frustrante e levar ao consumo irresponsável. Ou seja, muitas vezes procuramos fora de nós mesmos algo que já é intrinsecamente nosso,
como parte constituinte de nossa identidade espiritual.
A seguinte passagem da Bíblia tem me ajudado a compreender algumas aspectos importantes daquilo que seria o verdadeiro conceito de
renovação espiritual:
“Sabemos
que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de
Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus.” 2 Coríntios 5:1
Ora,
para mim, a ideia de “casa terrestre” se refere a um modo materialista e
limitado de ver a si mesmo. Atribuir ao nosso “closet” de roupas a função de
renovação de nossa vida, de nossa identidade, seria buscar apoio em uma “casa
terrestre” que pode se desfazer a qualquer momento. Em Deus, por outro lado, temos “um edifício” eterno.
Mas o que seria esse edifício?
Vejamos o que diz uma outra passagem da Bíblia: “Edifício de Deus sois vós.” (1Coríntios
3:9) Esse trecho sugere que cada um de nós é uma edificação espiritual, completa em
si mesma, que não depende de um closet
material e passageiro para expressar renovação.
Deus
nos criou de forma muito mais gloriosa do que uma simples “casinha” humana,
limitada e material poderia representar. Mas, ao contrário, o Espírito tem todo
um "edifício de bênçãos" preparado para nós.
Isso
significa que nós não somos um esboço inacabado ou um projeto humano em construção,
cheio de dúvidas, inseguranças, incertezas. Marcados por diversas falhas e
alguns acertos ocasionais.
Não! Cada um de nós é uma edificação espiritual, traçada pela Mente de
modo “assombrosamente maravilhoso”. As
paredes de nosso edifício espiritual não nos limitam, não nos separam uns dos
outros ou do meio em que vivemos. Mas sua sólida substância é o que nos conecta
ao infinito. As bases de nossa edificação espiritual são ilimitadas. E nós, como
ideias edificadas por Deus, somos a expressão ilimitada das qualidades
infinitas do Espírito, em constante renovação.
Em
seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy se refere
a Deus, o Espírito, como o “grande arquiteto”. Um arquiteto único, que criou,
modelou, delineou cada uma de suas ideias com perfeição. Você, eu – e todos nós
– somos Suas obras acabadas, perfeitas, no auge de nosso esplendor. Tudo o que
expressamos são qualidades como harmonia, saúde, beleza, espontaneidade,
vigor, alegria, frescor, brilho, pureza, etc.
Essa
edificação espiritual e ilimitada é a edificação de nosso pensamento. Uma
edificação mental que nos oferece o verdadeiro senso de renovação, que não deixa espaço para desejos de consumo irresponsável e que nos traz satisfação genuína. E, uma vez
renovados espiritualmente, não deveríamos nos espantar se, mesmo vestindo
aquele nosso antigo vestidinho, vozes ao nosso redor exclamem: “Nossa,
como você está radiante! Renovada!”
3 comentários:
que maravilha aprender que já somos completos em Deus. isso é verdadeira liberdade.
Sim, Rê, libertemo-nos dos padrões humanos e vejamo-nos como expressões do Bem infinito!
Tamara, que artigo maravilhoso!! Obrigado por compartilhar essas ideias conosco.
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